Diana Signon Deon
Mudanças de uso da terra afetam a dinâmica da
matéria orgânica e o acúmulo de C e N no solo e estão associadas a emissões de
gases de efeito estufa (GEEs). A região Amazônica é relevante para as emissões
brasileiras de GEEs oriundas das mudanças de uso da terra. O objetivo deste
trabalho foi determinar alterações quantitativas e qualitativas nos estoques de
C e N no solo em função de mudanças de uso da terra em Santarém-PA e São
Luís-MA. Foram coletadas amostras de solo sob diferentes usos da terra: vegetação
nativa, vegetação secundária, pastagem degradada, pastagem melhorada e
agricultura anual. Adicionalmente, foram avaliadas áreas de mata queimada em
Santarém-PA e de fruticultura e horticultura em São Luís-MA. Houve diferenças
entre os solos de vegetação nativa nos dois locais, apesar dos estoques de C e
N terem sido similares. Em Santarém, fósforo e granulometria relacionaram-se
aos estoques de C e N.

Em São Luís a acidez potencial ajudou a estimar o
estoque de C; granulometria e capacidade total de troca de cátions estimaram o
estoque de N. Os estoques de C e N na vegetação secundária foram similares aos
da vegetação nativa nos dois locais e relacionaram-se com a acidez potencial do
solo. Em Santarém o estoque de C (0-30 cm) na pastagem melhorada foi maior que
na vegetação nativa. Em São Luís, o estoque de C foi semelhante ao da vegetação
nativa. Os estoques de N tiveram comportamento similar aos estoques de C. Na
pastagem melhorada de Santarém a soma de bases foi importante para estimar os
estoques de C e N; em São Luís houve efeito negativo da densidade do solo.
Estoques de C e N nas pastagens degradadas foram semelhantes à vegetação
nativa, mas foram influenciados por parâmetros diferentes. Áreas de agricultura
anual apresentaram estoques de C inferiores aos das pastagens melhoradas e da
vegetação nativa e a sua manutenção relaciona-se com a redução da acidez
potencial e com o aumento das bases trocáveis. A qualidade da matéria orgânica
do solo foi avaliada nas amostras de São Luís. A mudança de uso da terra
reduziu o C na fração orgânica (75-2000 ?m), mas os usos mais conservacionistas
aumentaram o C nas formas estáveis (< 53 ?m). Vegetação secundária e
pastagem recuperada apresentaram índice de manejo de C semelhantes aos da
vegetação nativa. A conversão de vegetação nativa para agricultura ou pastagem
reduziu o C na biomassa microbiana, mas os sistemas com grande aporte de
material orgânico e com reduzida mobilização do solo apresentaram teor de C
microbiano similar à vegetação nativa. Pastagem e agricultura também
apresentaram os menores quocientes microbianos, indicando condição de estresse
da biomassa microbiana.
Texto completo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário