quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Modelo matemático ajuda gestores da área de transportes

Da Assessoria de Imprensa da FEARP




Definir o tipo de transporte de carga (rodoviário, hidroviário, ferroviário ou aéreo) mais adequado à realidade de cada região pode reduzir gastos, tempo de viagem e impacto ao meio ambiente. Para dar respostas a essa questão, pesquisadores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP desenvolveram modelo matemático capaz de fornecer informações que auxiliam a tomada de decisão de gestores públicos quanto à escolha do transporte a ser adotado em determinada região.

Segundo os pesquisadores, hoje os investimentos em infraestrutura de transportes brasileiros são guiados “pelas chamadas metodologias de análise unidimensional”. Esses métodos avaliam, separadamente, o custo de investimento de determinado projeto, comparando-o a seus possíveis retornos financeiros ou aos impactos ambientais.
A proposta foi apresentada na dissertação de mestrado Proposta de modelo para priorização de investimentos em infraestrutura de transporte de cargas: abordagem multicritério para problemas de fluxos em rede, desenvolvida por Samir Kazan, no Programa de Pós-Graduação em Administração de Organizações da FEARP, sob a orientação do professor Marcio Mattos Borges de Oliveira.
O modelo proposto por Kazan, testado na região Norte do Brasil, inova ao permitir avaliar diferentes variáveis com uma única ferramenta. Não apenas contempla aspectos monetários e ambientais, mas permite identificar a melhor combinação de projetos em infraestrutura de transporte para alcançar o melhor resultado no sistema de transportes. No Norte, por exemplo, a melhor relação custo benefício em transporte de carga seria obtida com os modais hidroviário e ferroviário.
A ferramenta contempla e avalia aspectos como custo do frete, do investimento, tempo de viagem, nível de emissão de dióxido de carbono (CO2), impacto em área de desmatamento e até o número de interseções dos projetos em análise com áreas de proteção ambiental. Assim, o gestor terá em mãos dados que indicarão quais projetos de infraestrutura devem ser implantados para resolver os problemas enfrentados pelo sistema de transportes de sua região. Isso, considerando ainda o fluxo de produtos e suas restrições, no que se refere a recursos, para implantação.
Transporte rodoviário é o menos indicado para a região Norte
A região Norte do Brasil foi escolhida para os testes com a nova ferramenta. Para tanto, os pesquisadores usaram dados do Plano Nacional de Logística e Transportes e os projetos de investimentos que deveriam ser priorizados para esta região.
Os resultados, segundo Kazan, mostraram que o modelo matemático da FEARP se mostrou “muito mais consistente do que a habitual análise unidimensional tradicional”. O pesquisador conta que conseguiram identificar no modelo potencialidade para soluções inexistente no método atual.
Kazan explica que testaram 20 versões do modelo matemático até obter a mais adequada. Para cada uma delas, foram utilizados cenários diferentes no que se refere à disponibilidade de recursos para implantação e aos pesos dos critérios de avaliação propostos. Testaram, por exemplo, o custo do frete em detrimento do tempo de viagem ou da relevância dos impactos ambientais, quando da implantação dos projetos.
Como resposta à aplicação desse modelo, os pesquisadores encontraram que, para a região Norte, os modais hidroviário e ferroviário são mais indicados quando se deseja reduzir custos com frete, nível de emissão de CO2 e área de desmatamento. Já o rodoviário traz melhores resultados em relação ao tempo de viagem.
De modo geral, entretanto, o estudo aponta no sentido da redução da importância do transporte rodoviário na região Norte. “Essa atual concentração no modal rodoviário diminui não necessariamente com a redução do fluxo de produtos pelo modal rodoviário, mas com o crescimento no volume transportado pelos demais modais”, explica o pesquisador.
Apesar dos estudos terem sido realizados com base no contexto da região Norte, a ferramenta pode ser utilizada para avaliar qual a melhor alternativa para o transporte de cargas em qualquer região do Brasil.

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